quarta-feira, março 30, 2005

Aliquod

Sinto sono, estou dormente
Ando há meses a sentir-me indiferente

Acordo e no duche a àgua deixo correr
P’lo meu corpo que envelhece todos os dias
Até eu morrer

Não ando a dormir, mas também não estou acordado,
Não sáo insónias, nem sequer ando ganzado,
É uma dormência, é um mau fado?
Fiquei louco entrementes, dei em pirado.

Puta que pariu esta vida de tédio,
Parece que para isto não há remédio;
Mais valia talvez atirar-me dum prédio.

Anda cá querida, deixa-me espetar-te no cu o meu dedo médio;

Talvez arrebites e te faças à estrada,
Ou talvez o máximo que consigas
Seja uma mamada.
Mamadas já eu as tive,
umas melhores,
outras piores;
O que eu queria era algo doce?
Não,
Algo que causasse suores,
Frios de medo com a adrenalina
A rebentar.
Tremores de excitaçâo, até os olhos rebolar.
Algo que me pusesse a cabeça a estalar;
Não mais quero apenas este leve latejar:
Preciso de alguma coisa que me tire o ar
Que me dê alento ao respirar.

Algo que troça comigo ao andar –
Troça, torça e troca.
Algo ou alguém que me dê uma moca.

Afastem esta indiferença de mim, pois
Sinto às vezes como se tivesse a peste
Bubónica, electrónica, melancólica;
Dêem-me uma vida alcoólica.

Ao menos assim o tédio é esquecido
E o feitiço talvez seja quebrado
Partido, esquartejado ou mutilado.

quinta-feira, março 24, 2005

À tua volta como um Índio

Enquanto tu brincas o meu espírito fica tumescente,
Em contraste o meu corpo soa-me doente.

Não tenho mais forças para brincar,
Mas ainda sou novo para morrer,
Há noites em que não sei o que fazer;
Gostaria de me levantar,
E dançar e rodopiar,
À tua volta como um índio,
Idolatrando o teu corpo nu.

Simplesmente não consigo falar,
Acendo mais um cigarro,
Tento purificar o ar.
Os eflúvios que inalo toldam-me a mente,
Abraço alegre a ideia de estar a ficar demente,
E vir a precisar de um fármaco potente,
Que sonegará pensamentos meus;
À tua volta como um índio,
Idolatro-te como um deus.

Em sonhos azuis os meus lábios roçam nos teus,
És uma Estrela que explode a milhões de anos-luz,
O negro canta aquilo que sinto, num blues,
Nada como tu neste momento me seduz.