quinta-feira, julho 21, 2005

Onde vou parar?

O cigarro vai queimando no cinzeiro a meu lado enquanto penso; enquanto olho à minha volta e tento esquecer-me deste dia. Dia este em que me aconteceu algo de bom, até certo ponto, pois a consequência desse algo é agora estar aqui a pensar na minha vida, na maneira com que eu lido com as coisas e principalmente com as pessoas.
Entraste na minha vida da mesma maneira que entraste na loja, sem pedir licença; entraste e levaste-me contigo na saída. Até aqui tudo bem, sempre pensei que mais dia, menos dia já não me lembraria de ti. Mas não; voltaste e fizeste questão em dizer-me que não querias sair tão fortuitamente da minha mente. E assim chego onde estou agora; numa espécie de limbo, beco sem saída…
Apaixono-me sempre por qualquer pessoa que manifeste o mínimo interesse em mim; caio sempre nessa suave tentação que é pensar que os outros tem algo para me dizer sobre mim próprio, algo que eu não sei. Isto nada tem a ver com sexo ou com sexos, antes sim, tem a ver com o facto de eu achar fascinante que alguém; mulher ou homem, sinta um interesse ou atracção por mim. Não que me considere um ser repelente ou desprovido de qualquer coisa de interesse, mas continuo a achar, todos os dias que me levanto e olho ao espelho, que nada tenho assim de tão especial; pelo menos nada que não grasse por aí aos molhos. Tenho uma vida medianamente entediante, não sou mais inteligente nem menos que o “companheiro” do lado; só mais uma das mil faces que todos os dias andam para a frente e para trás, normalmente em transportes públicos cheios de seres iguais a mim.

As coisas que já me disseram!!! Pior as coisas que já me escreveram, que tu já me escreveste… As pessoas não têm bem noção do que as palavras fazem aos outros; no meu caso as palavras que escrevem, principalmente as que escrevem, perseguem-me, assombram-me para o resto dos meus dias; porque o que é escrito fica, permanece, é imutável. Claro que as pessoas mudam de opinião, de sentimentos, mas lá atrás deixaram provas escritas do que em tempos sentiram, pensaram, e isso são demónios que não me deixam dormir à noite.

Porque fazes isto comigo? Porque queres ser mais um dos meus fantasmas? Não percebo; terei feito assim tão mal às pessoas numa outra vida para agora estar a pagar por isso?

Não sei como reaja a estas coisas, as pessoas entranham-se em mim de uma hora para a outra, aquilo que planeio hoje não vai acontecer amanhã ou daqui a uma semana, quanto mais daqui a um ano ou dois ou dez.
Por vezes pareço uma barata tonta a correr de um lado para o outro, passo dias em que me sinto dormente quase morto, e de repente injectam-me algo nas veias, só com um olhar ou uma palavra. Fico a desejar voltar a minha dormência tal é a adrenalina que me percorre o corpo, voltar a um casulo protegido onde tudo é enfadonho e igual dia após dia.
Tudo seria mais fácil se eu não estivesse tão atento, por vezes desejava ser um completo ignorante, mas já ultrapassei o ponto de não retorno há algum tempo. Sinto-me acordado, mas de uma maneira estranha, os meus intestinos revolvem-se, não tenho fome, quero sair para a rua, emigrar, fugir para uma ilha deserta onde esteja só eu e os meus pesadelos.

Acendo outro cigarro, é uma constante hoje em dia na minha vida, vou pegar nas chaves do carro e cruzar o asfalto, parar nos semáforos quando estes estiverem no vermelho e arrancar quando passarem a verde; quero cansar o meu corpo e o meu espírito, quero descansar, quero dormir depois; sem ter de recorrer a Valiuns, Xanax’s ou afins.
Quero acordar amanhã e sentir-me velho outra vez e sem futuro, pelo menos aí posso queixar-me, e queixando-me vou não-vivendo, mas pelo menos estarei mais seguro.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

és esquisito. gosto de ti. :P analuisa.

11:26 da manhã  

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