Antes de mergulhar no esquecimento
Ainda sentia o cheiro dela entranhado na minha pele, o gosto da boca e dos seus seios bailava nos meus lábios; uma noite tão longa que tinha passado num flash momentâneo; as minhas fundas olheiras contrastavam com o sorriso permanente na minha boca.
A vida cá fora na cidade continuava caótica, filas para apanhar o eléctrico, gente desesperada a cada virar de esquina, deficientes com esgares perversos e olhos vítreos a passear no museu, polícias a passar de carro indiferentes a todos: no entanto a mim parecia-me tudo novo e dislumbrante.
Encontrava-me num estado de abençoada harmonia e felicidade, ainda que uma latente melancolia se fazia notar por não estar com ela.
As horas que não tinha dormido, começavam a fazer-se sentir no meu corpo, doía-me tudo como se fosse um velho de 66 anos; no café ao fumar cheguei mesmo a sentir uma leve tontura provocada certamente pela nicotina inalada demasiadamente depressa.
Tinha-me sentado no canto mais distante da sala vazia, duas estudantes, universitárias, entraram e sentaram-se na mesa ao lado. Eram belas mas a mim desinteressavam-me tal era a minha indolência e abstracção. Embora a cabeça me latejasse levemente, encontrava-me disperto, disperto como há muito não estava, num plano superior.
O pescoço doía-me mais que tudo o resto, tremia embora não estivesse frio, mas o meu espírito estava longe dali. Acabei o segundo cigarro e fui-me embora, as universitárias olharam-me de soslaio e sorriram e eu apenas lhes consegui lançar um aceno quase de indiferença.
O ar fétido de um esgoto que transbordara atingiu-me directamente fazendo-me voltar à terra abruptamente. O cansaço começara a instalar-se violentamente, andava trôpego como se estivesse bêbado, mas só pensava em tê-la adormecida nos meus braços, e poder-lhe acariciar o cabelo e as costas nuas.
Para onde me levaria esta rainha do cool? Que alegrias e infortúnios iria fazer-me passar? Ah fuck it e rock n’roll, só se vive uma vez e aquilo que tiver de ser será.
O pulsar do meu coração senti-o agora como se tivesse corrido os 100 metros em menos de 10 segundos, as tremuras continuavam como se estivesse a ressacar da “heroa” e um frio estranho instalara-se na zona da barriga fazendo com que os meus orgãos internos se debatessesm só para trabalharem o mínimo indispensável.
Por mais paixões que se tenha tido é incrível o que certa mulher nos consegue fazer sentir; como se de um turbilhão se tratasse em que a adrenalina dispara e sentimos medo, desejo, frio, calor, terror, coragem, tudo em milionésimos de segundo durante horas intermináveis até a encontrarmos novamente. Aí, nesse momento em que a vimos como se fosse a primeira vez, até o próprio tempo pára; tudo faz “rewind” e volta-se a pôr em movimento em “double speed”.
É lindo, maravilhoso e assustador ao mesmo tempo; não consigo pô-lo em palavras; só consigo pensar em tocá-la outra vez sentindo a sua pele fundir-se com a minha. São estes os caminhos misteriosos e tortuosos do Senhor, ou lá de quem quer que exista para lá da eternidade.
Neste momento sinto febre a aflorar o meu ser, tenho de descansar um pouco; fechar os olhos e não pensar em nada, sentir apenas o vento a acarinhar a minha face. Quando os abrir novamente talvez tu estejas lá, e possa sentir uma vez mais os teus lábios, antes de mergulhar no esquecimento.
A vida cá fora na cidade continuava caótica, filas para apanhar o eléctrico, gente desesperada a cada virar de esquina, deficientes com esgares perversos e olhos vítreos a passear no museu, polícias a passar de carro indiferentes a todos: no entanto a mim parecia-me tudo novo e dislumbrante.
Encontrava-me num estado de abençoada harmonia e felicidade, ainda que uma latente melancolia se fazia notar por não estar com ela.
As horas que não tinha dormido, começavam a fazer-se sentir no meu corpo, doía-me tudo como se fosse um velho de 66 anos; no café ao fumar cheguei mesmo a sentir uma leve tontura provocada certamente pela nicotina inalada demasiadamente depressa.
Tinha-me sentado no canto mais distante da sala vazia, duas estudantes, universitárias, entraram e sentaram-se na mesa ao lado. Eram belas mas a mim desinteressavam-me tal era a minha indolência e abstracção. Embora a cabeça me latejasse levemente, encontrava-me disperto, disperto como há muito não estava, num plano superior.
O pescoço doía-me mais que tudo o resto, tremia embora não estivesse frio, mas o meu espírito estava longe dali. Acabei o segundo cigarro e fui-me embora, as universitárias olharam-me de soslaio e sorriram e eu apenas lhes consegui lançar um aceno quase de indiferença.
O ar fétido de um esgoto que transbordara atingiu-me directamente fazendo-me voltar à terra abruptamente. O cansaço começara a instalar-se violentamente, andava trôpego como se estivesse bêbado, mas só pensava em tê-la adormecida nos meus braços, e poder-lhe acariciar o cabelo e as costas nuas.
Para onde me levaria esta rainha do cool? Que alegrias e infortúnios iria fazer-me passar? Ah fuck it e rock n’roll, só se vive uma vez e aquilo que tiver de ser será.
O pulsar do meu coração senti-o agora como se tivesse corrido os 100 metros em menos de 10 segundos, as tremuras continuavam como se estivesse a ressacar da “heroa” e um frio estranho instalara-se na zona da barriga fazendo com que os meus orgãos internos se debatessesm só para trabalharem o mínimo indispensável.
Por mais paixões que se tenha tido é incrível o que certa mulher nos consegue fazer sentir; como se de um turbilhão se tratasse em que a adrenalina dispara e sentimos medo, desejo, frio, calor, terror, coragem, tudo em milionésimos de segundo durante horas intermináveis até a encontrarmos novamente. Aí, nesse momento em que a vimos como se fosse a primeira vez, até o próprio tempo pára; tudo faz “rewind” e volta-se a pôr em movimento em “double speed”.
É lindo, maravilhoso e assustador ao mesmo tempo; não consigo pô-lo em palavras; só consigo pensar em tocá-la outra vez sentindo a sua pele fundir-se com a minha. São estes os caminhos misteriosos e tortuosos do Senhor, ou lá de quem quer que exista para lá da eternidade.
Neste momento sinto febre a aflorar o meu ser, tenho de descansar um pouco; fechar os olhos e não pensar em nada, sentir apenas o vento a acarinhar a minha face. Quando os abrir novamente talvez tu estejas lá, e possa sentir uma vez mais os teus lábios, antes de mergulhar no esquecimento.
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