A menina do iPod
Hoje acordei sobressaltado com o telemóvel a tocar; despachei-me rapidamente e saí para a rua para ir mandar um FAX. Estarão a pensar: “Mas por que raio é que o caramelo não cagou em casa?” – a verdade é que este não era um “fax” para o Mário Soares, mas sim um daqueles de papel mesmo, que se manda via faxmachine ("Ahh!" estarão vocês agora a dizer).
Dirigi-me então a uma estação de correios para o efeito (em particular à que fica dentro do Forum Picoas ali ao Saldanha), mal sabendo eu que mandar faxes custa os olhos da cara (bem antes esses do que o “outro”!).
Assim que entrei nos Correios tive de tirar uma daquelas senhas e aguardar a minha vez; tinha 3 pessoas à minha frente, sendo que uma delas era uma menina loirinha linda, que estava a ouvir música no seu iPod. Para quem não sabe, um iPod é uma espécie de leitor de mp3 mas muito melhor porque é da Apple, e que pode levar até 10000 músicas dependendo da versão. Ora ali estava eu com a folha que queria enviar por fax, na mão, e aquela miúda giríssima logo ali ao lado; é o suficiente para um gajo ficar distraído, e nessas alturas tudo pode correr mal, como foi o caso.
Começou logo por eu ter de escrever para quem se destinava o fax no cabeçalho da folha; para isso tiro da mochila a única (espécie de) caneta que tinha comigo, nada mais nada menos que uma caneta de tinta da China que a “minha mãeziiiiinha coitadiiiinha” (sempre que lembro da palavra mãezinha apetece-me logo cantar um faduncho daqueles da Mouraria ou Alfama, que conta sempre muitas desgraças. Infelizmente ainda só tenho este primeiro verso,e por isso peço desculpa pela interrupção da história) – como estava escrevendo, que a minha mãezinha me ofereceu.
Meus amigos não sei se já tiveram alguma caneta destas mas digo-vos desde já que não é boa ideia terem-na voltada com o bico para baixo. Ainda não tinha tirado a tampa e já havia tinta da China a correr por todo o lado nas minhas mãos. Sem lenços de papel que me valessem, lá tive de rasgar uma folha de um caderno para, não só, limpar as mãos, como também para limpar a caneta. É claro que as mãos ficaram na mesma todas “cagadas” e a folha que eu ia enviar ficou com um borrão.
Por sorte ninguém reparou no meu azar (pelo menos penso eu); as pessoas à minha frente estavam a ser todas atendidas, inclusive a “loirinha”, e depois de mim não tinha entrado ninguém. Foi nesta altura que reparei que a minha “loirinha” (qual minha qual carapuça, mas apeteceu-me ser um bocado abusado agora) não era portuguesa, isto porque se expressava num inglês bastante fluído. Não tenho certeza se era britãnica ou não mas lá que falava maravilhosamente a língua de Shakespeare, lá isso falava.
Por fim fui atendido, a “loirinha” levantou-se e foi à sua vida, nem sequer olhando para mim, o que me custou particularmente, posso vos dizer. As peripécias continuaram pois já não bastava ter as mãos naquele estado, ainda tive de escrever numa folha de papel o meu nome, o do destinatário e o número de fax para onde eu queria enviar a folha. É óbvio que esta segunda folha também ficou toda “cagada”, mas o homem que me atendeu nem tugiu nem mugiu (habituado a malucos deve estar ele, então com as mãos sujas…); limitou-se a levantar, enviar o fax, dar-me a prova de recepção da faxmachine e no fim pedir-me 2,40 €!!! Por um fax!!!
Fiquei de tal maneira atarantado que demorei uma eternidade a tirar a carteira para pagar (também não a queria sujar,né?) e quando o homem se levantou para me ir buscar o troco, pensando eu que este não era um dos meus melhores dias e estando sentado todo curvado com o peso do mundo sobre os ombros (isto é que é exagerar), olho para o lado e a “loirinha” passa....... olha para mim....... e SORRI-ME!
Oh alegria, oh maravilha; até me endireitei logo na cadeira e quando estendo a mão (sem me preocupar com o facto de ela estar suja) para receber o troco até já tinha o “cenho arreganhado” de tal maneira que o homem quase se assustou.
Eu sei, eu sei que muito possivelmente a “loirinha” viu a minha saga com a caneta e ao ver-me depois naquele estado desolado decidiu lançar-me um sorriso para ver se surtia um efeito positivo.
Pois é mas eu prefiro pensar que na verdade a “minha loirinha” foi com a minha cara e que como não foi possível mais nada entre nós, ficou pelo menos aquele sorriso para a eternidade (e para além dela).
E agora se me dão licença vou ouvir os Doors, e cantar por cima do Jim a música “I Look At You”:
“I looked at you
You looked me
I smiled at you
You smiled at me,
La la la la….”
Perfumai-vos e até....
Dirigi-me então a uma estação de correios para o efeito (em particular à que fica dentro do Forum Picoas ali ao Saldanha), mal sabendo eu que mandar faxes custa os olhos da cara (bem antes esses do que o “outro”!).
Assim que entrei nos Correios tive de tirar uma daquelas senhas e aguardar a minha vez; tinha 3 pessoas à minha frente, sendo que uma delas era uma menina loirinha linda, que estava a ouvir música no seu iPod. Para quem não sabe, um iPod é uma espécie de leitor de mp3 mas muito melhor porque é da Apple, e que pode levar até 10000 músicas dependendo da versão. Ora ali estava eu com a folha que queria enviar por fax, na mão, e aquela miúda giríssima logo ali ao lado; é o suficiente para um gajo ficar distraído, e nessas alturas tudo pode correr mal, como foi o caso.
Começou logo por eu ter de escrever para quem se destinava o fax no cabeçalho da folha; para isso tiro da mochila a única (espécie de) caneta que tinha comigo, nada mais nada menos que uma caneta de tinta da China que a “minha mãeziiiiinha coitadiiiinha” (sempre que lembro da palavra mãezinha apetece-me logo cantar um faduncho daqueles da Mouraria ou Alfama, que conta sempre muitas desgraças. Infelizmente ainda só tenho este primeiro verso,e por isso peço desculpa pela interrupção da história) – como estava escrevendo, que a minha mãezinha me ofereceu.
Meus amigos não sei se já tiveram alguma caneta destas mas digo-vos desde já que não é boa ideia terem-na voltada com o bico para baixo. Ainda não tinha tirado a tampa e já havia tinta da China a correr por todo o lado nas minhas mãos. Sem lenços de papel que me valessem, lá tive de rasgar uma folha de um caderno para, não só, limpar as mãos, como também para limpar a caneta. É claro que as mãos ficaram na mesma todas “cagadas” e a folha que eu ia enviar ficou com um borrão.
Por sorte ninguém reparou no meu azar (pelo menos penso eu); as pessoas à minha frente estavam a ser todas atendidas, inclusive a “loirinha”, e depois de mim não tinha entrado ninguém. Foi nesta altura que reparei que a minha “loirinha” (qual minha qual carapuça, mas apeteceu-me ser um bocado abusado agora) não era portuguesa, isto porque se expressava num inglês bastante fluído. Não tenho certeza se era britãnica ou não mas lá que falava maravilhosamente a língua de Shakespeare, lá isso falava.
Por fim fui atendido, a “loirinha” levantou-se e foi à sua vida, nem sequer olhando para mim, o que me custou particularmente, posso vos dizer. As peripécias continuaram pois já não bastava ter as mãos naquele estado, ainda tive de escrever numa folha de papel o meu nome, o do destinatário e o número de fax para onde eu queria enviar a folha. É óbvio que esta segunda folha também ficou toda “cagada”, mas o homem que me atendeu nem tugiu nem mugiu (habituado a malucos deve estar ele, então com as mãos sujas…); limitou-se a levantar, enviar o fax, dar-me a prova de recepção da faxmachine e no fim pedir-me 2,40 €!!! Por um fax!!!
Fiquei de tal maneira atarantado que demorei uma eternidade a tirar a carteira para pagar (também não a queria sujar,né?) e quando o homem se levantou para me ir buscar o troco, pensando eu que este não era um dos meus melhores dias e estando sentado todo curvado com o peso do mundo sobre os ombros (isto é que é exagerar), olho para o lado e a “loirinha” passa....... olha para mim....... e SORRI-ME!
Oh alegria, oh maravilha; até me endireitei logo na cadeira e quando estendo a mão (sem me preocupar com o facto de ela estar suja) para receber o troco até já tinha o “cenho arreganhado” de tal maneira que o homem quase se assustou.
Eu sei, eu sei que muito possivelmente a “loirinha” viu a minha saga com a caneta e ao ver-me depois naquele estado desolado decidiu lançar-me um sorriso para ver se surtia um efeito positivo.
Pois é mas eu prefiro pensar que na verdade a “minha loirinha” foi com a minha cara e que como não foi possível mais nada entre nós, ficou pelo menos aquele sorriso para a eternidade (e para além dela).
E agora se me dão licença vou ouvir os Doors, e cantar por cima do Jim a música “I Look At You”:
“I looked at you
You looked me
I smiled at you
You smiled at me,
La la la la….”
Perfumai-vos e até....
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